Calcário impulsiona produtividade na agricultura de MT
Deixar o calcário de lado nas lavouras, além de um equívoco técnico, é sinônimo de perda na rentabilidade financeira da atividade agrícola. Pesquisas científicas empreendidas no Estado confirmam que a correta aplicação do insumo, largamente produzido por indústrias instaladas em Mato Grosso, é a chave para mais produtividade.
Os resultados expressivos de estudos desenvolvidos no interior do Estado foram apresentados pelo Doutor em Solos, prof. Anderson Lange, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em evento promovido pelo Sindicato das Indústrias de Extração de Calcário do Estado de Mato Grosso (Sinecal-MT), realizado no auditório do Sistema Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (SFIEMT). Profissionais de indústrias associadas, engenheiros agrônomos e representantes do agronegócio puderam conferir as evidências científicas da performance nas lavouras que vêm impressionando até mesmo aos agricultores mais céticos.
Conforme uma das pesquisas apresentadas, passados três anos de aplicação de doses reforçadas de calcário, feita em 2014 em uma área experimental em Sinop, no Norte do Estado, a produtividade média chega a saltar mais de 15 sacas por hectare, atingindo patamares, em algumas parcelas, da ordem de 74 sacas por hectare. Tabulações revelam que na cultura da soja, com plantas mais robustas dados os efeitos diretos do incremento de cálcio, chegou-se a obter um total e 131 grãos por planta. O resultado extremamente positivo é fruto do chamado “efeito cimento” proporcionado pelo aumento da disponibilidade de cálcio, com vagens mais fortemente fixadas nos vegetais.
“É preciso se antecipar na prática da calagem, pois o calcário vai reagindo lentamente. Por isso, calcareamos a área e deixamos três anos sem reaplicações, dentro de nossa linha de pesquisa. As análises mostraram que só se produziu efeito a partir do segundo ano-safra. Ou seja: o efeito imediatista que o agricultor deseja não existe. E se o produtor esperar e deixar pra corrigir o solo só lá na frente, a alta da acidez vai prejudicar, e muito, sua produtividade”, alerta o doutor Anderson Lange.
Outros campos experimentais sob a coordenação de Lange também já estão sendo cultivados em Querência, Sinop e Sapezal, desdobramento da pesquisa iniciada em 2014. O objetivo da pesquisa é obter um recorte científico mais aprofundado da relação entre o uso do calcário – considerando os tipos calcítico e dolomítico –, a correção da acidez dos solos do Cerrado e alta performance em produtividade no Estado que já é campeão nacional em produção de soja.
Durante a explanação, o especialista advertiu que o emprego de técnicas equivocadas ao solo e clima característicos de Mato Grosso comumente se traduzem em tropeços na calagem e na adubação de lavouras, incluindo interpretações de resultados em base de métodos ou tabelas que podem não ser as melhores para a região, assim como a escolha de épocas equivocadas para a aplicação do corretivo de acidez do solo, entre outros aspectos elencados aos participantes do evento. Fazendo frente a esse cenário, auxiliando no desenvolvimento ainda maior da agricultura de alta performance, tecnologias como a chamada agricultura de precisão e aferição de condutividade elétrica do solo, com equipamentos e profissionais especializados, trazem novas perspectivas aos resultados na atividade.
“A agricultura contemporânea pede ao produtor cada vez mais técnica, conhecimento e investimento. Há na Academia e no mercado um amplo leque de estudos e mecanismos para esse propósito: auxiliar quem cultiva a produzir mais e melhor. É uma satisfação poder fazer parte desse contexto, dando nossa contribuição”, destaca Lange.
Para o presidente do Sinecal, Kassiano Riedi, representando o Sistema Fiemt, ciência e mercado devem manter um diálogo constante e saudável em prol do desenvolvimento sustentável de toda a cadeia produtiva. “Estamos todos interligados, num ciclo que deve ser sobretudo pautado por relações éticas, de ganha-ganha. Com as luzes da ciência e uma atividade industrial responsável como a que primamos, temos bases para um desenvolvimento do Estado como um todo de forma cada vez mais consistente, perene e sustentável”, pontua Riedi.