Alunos do SENAI de Cuiabá são finalistas por vaga na WorldSkills na Rússia
Mesmo enfrentando os desafios de trabalhar em equipe, Brumell Rodrigues, 19 anos, e Gabriel Camargo, 18 anos, se preparam para disputar uma das 63 vagas na equipe brasileira da WorldSkills, a maior competição de educação profissional do mundo, na Rússia. Os jovens formam o time que vai competir na modalidade construção de estruturas para concreto, umas das poucas que são disputadas em dupla ou trio.
Alunos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Cuiabá, Brumell e Gabriel se classificaram em 2017, na etapa regional, e, no ano passado, na nacional. Moradores de Cuiabá, eles ingressaram na área pensando apenas em conseguir uma vaga no mercado de trabalho, mas ao participarem das Olimpíadas do Conhecimento, passaram a ter uma nova percepção.
“No começo, foi por ser tudo aquilo que um jovem quer, uma área que dá lucro. Agora a gente vê que já é um futuro, a gente tem uma outra visão: nos tornar profissionais e quem sabe até podermos ensinar para as pessoas o que ensinaram para nós”, conta Brumell, ao citar que os treinadores da dupla foram bronze no mundial de 2015, em São Paulo.
A 45ª edição da WorldSkills ocorrerá de 22 a 27 de agosto, no Centro Internacional de Exposições KAZAN EXPO em Kazan, na Rússia. A competição é realizada a cada dois anos e reúne os melhores alunos de países das Américas, Europa, Ásia e África e Pacífico Sul para disputarem medalhas em modalidades que correspondem às profissões técnicas da indústria e do setor de serviço. Há mais de 65 anos, a competição reúne jovens qualificados de todo o mundo, selecionados em olimpíadas de educação profissional de seus países, realizadas em etapas regionais e nacionais.
Brumell e Gabriel agora estão concentrados na última fase de treinamentos, realizada em Brasília, onde deverão ficar até a competição, juntos com cerca de 50 jovens. Representantes de algumas modalidades irão se preparar também nos centros de treinamento do SENAI localizados em Belém, Porto Alegre e Joinville, em Santa Catarina.
”A gente está pensando, primeiramente, nas etapas que temos que passar porque temos simulados, provas, então a gente tem que provar não só para os nossos superiores, mas para nós, que aquele é o nosso lugar e que nós queremos estar lá no final do ano para mostrar que a gente pode ser o melhor do mundo”, destaca Brumell, que fez curso técnico em design de móveis e de carpinteiro de forma, que é o preparatório para a modalidade.
Já Gabriel, antes disputava na área do revestimento cerâmico. Conheceu a construção de estruturas para concreto, se encantou e se juntou ao colega para a etapa nacional. Para o jovem, todo o processo de preparação aumentará as chances de conseguirem uma boa colocação profissional. “Tivemos, desde o primeiro módulo, outro pensamento da vida. As olimpíadas estão preparando a gente para o mercado de trabalho desde a primeira etapa”, considera.
Exigente, ele conta que está satisfeito com o trabalho que fizeram até aqui, mas que ainda não tem muito a comemorar, já que outra competição, a mais importante, está vindo por aí. “A gente tem que prestar atenção em um dia atrás do outro, no caminho até lá. Tem que ser sempre melhor do que ontem”, ressalta Gabriel.
Educação Profissional
Assim como para Brumell e Gabriel, a educação profissional impacta positivamente a vida de diversos jovens no Brasil. Em 2017, cerca de 80% dos estudantes que concluíram cursos técnicos no ano passado foram inseridos no mercado de trabalho já no primeiro ano. De acordo com levantamento do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o curso técnico é o caminho mais rápido para a inserção qualificada do jovem no mundo do trabalho e também uma opção para o trabalhador desempregado em busca de recolocação no mercado. O salário de um profissional técnico varia entre R$ 8,5 mil e R$ 12 mil.
Para o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, o país tem potencial em educação profissional. “O Brasil tem sido representado pelo SENAI e pelo Senac, que tem as ocupações mais da área do comércio e serviços, e o Brasil fica sempre entre os primeiros colocados”, afirma.
A competição
Cada jovem competidor recebe um projeto e tem uma determinada quantidade de horas para desenvolver o desafio, da melhor forma possível. É colocada em xeque a habilidade técnica dos participantes, cada um dentro da sua modalidade. Geralmente, o projeto de construção desafiador é inspirado em algum ponto turístico do país/cidade sede da WorldSkills, com três módulos.
São 56 modalidades técnicas que exigem adequação aos padrões mundiais. Segundo o gestor do projeto Brasil Kazan 2019, José Luiz Gonçalves Leitão os jovens devem ter conhecimentos sobre desenvolvimento e desenho técnicos, metodologia, medidas, interpretação de desenho, acabamento de produto e também sobre processos. “É um jogo de tempo. Cada uma das habilidades é trabalhada exaustivamente dentro dos padrões e eles são submetidos a vários testes, exercícios, durante esse período”, destaca.
A cada edição da WorldSkills, o Brasil participa com um número maior de competidores e melhora sua classificação no quadro de medalhas. Em 18 participações, o país já acumulou 136 medalhas. A melhor participação brasileira na história do campeonato foi em São Paulo, em 2015. Com 27 medalhas, o Brasil foi o primeiro do ranking de países.
Agência do Rádio