Indústrias de base florestal paralisadas há sete dias por falta de guias para transporte
A falta de emissão de documentos para o transporte de madeira em Mato Grosso completa hoje sete dias, com prejuízos que vão desde a arrecadação de ICMS até sanções contratuais por atraso aos empresários do segmento – além do custo de manter a carga parada. Desde quinta-feira passada (20) não se emite a Guia Florestal (GF), documento que complementa a nota fiscal e é obrigatório para o transporte da madeira. O problema está em uma falta de sincronia entre os sistemas das secretarias de Fazenda (Sefaz) e Meio Ambiente (Sema) e também do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).
Mais de uma centena de carretas estão carregadas, dependendo apenas da emissão das guias para seguir viagem. Apenas na região de Alta Floresta, são 50 carretas em espera desde o dia 20, com R$ 2 milhões em cargas paradas. De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Madeireiros do Extremo Norte de Mato Grosso (Simenorte-MT), Frank Rogieri de Souza, não foram feitos novos carregamentos justamente em função do problema. Parte dos motoristas foi embora de ônibus para passar o Natal com a família. Outros permanecem no local. O custo desses dias parados é dos empresários, bem como as sanções contratuais. “Nossos compromissos de entrega de mercadoria vão sofrer penalizações. Temos exportações, agendamento em porto, em galpões, inspeções, nada disso vai ser cumprido”, destaca.
Frank afirma que esse tipo de problema é histórico, com esclarecimentos escassos sobre causas e previsões de solução. "Entendemos que a situação atual envolve também os órgãos ambientais, mas não podemos ficar reféns de mudanças de sistema mal planejadas. O governo está sendo desrespeitoso com quem trabalha e arrecada impostos”, desabafa. “Sem contar a dificuldade de caixa enfrentada pelo próprio governo. É incompreensível que se permita tanto atraso na arrecadação de qualquer recurso numa situação como essa”.
A Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt), à qual o Simenorte é filiado, acompanha a situação desde que foi informada sobre o problema, na sexta-feira, e apoia o sindicato na busca de informações e solução. Para o presidente da Fiemt, Gustavo de Oliveira, a demora em normalizar a emissão das guias é muito preocupante, pois paralisa um segmento industrial inteiro. “A economia do estado sofre com isso, tanto pela falta da arrecadação quanto pelo prejuízo aos empresários da indústria de base florestal, que vão arcar com diversos custos não previstos e estão sujeitos a multas contratuais, tanto para as transportadoras quanto para clientes. Trata-se de problema recorrente e a Fiemt vai cobrar uma solução definitiva do governo”, afirma.