Saúde do trabalhador deve ser projeto estratégico para as indústrias
Nunca se falou tanto em saúde física e mental no Brasil como nos últimos meses, por consequência da pandemia do novo coronavírus. Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), apontam que, em 2020, o Brasil foi o país mais ansioso do mundo. Cerca de 18 milhões de brasileiros lidavam com transtornos de ansiedade. No contexto de trabalho, também é muito importante que o assunto seja tratado.
A psicóloga Thaisa Cimitan afirma que, assim como a saúde física, a saúde mental é essencial para a integridade do ser humano. “Grande parte dos profissionais brasileiros sofrem de ansiedade, depressão e outros problemas psicológicos que comprometem a qualidade das atividades e o relacionamento entre as equipes de trabalho. É preciso ficar atento à mudança de comportamento e variação de humor. Geralmente, o trabalhador fica menos interessado, motivado e tem o raciocínio reduzido, produzindo menos que o habitual", alerta.
O gerente de Saúde e Segurança do Trabalho do Serviço Social da Indústria (Sesi) Mato Grosso, Valdir de Souza Junior, salienta que os efeitos da pandemia atingem diretamente o mundo corporativo e as companhias têm o desafio de cuidar integralmente de seus colaboradores. Como consequência, as empresas reduzirão custos causados pela ausência no trabalho e perda de produtividade. Desta forma, seguem caminhando para um conhecimento maior sobre o tema, dando mais prioridade e enxergando como benefício os investimentos na área.
Para auxiliar as indústrias mato-grossenses nesta tarefa, conforme Souza, o Sesi MT tem desenvolvido uma série de atividades de promoção da saúde e de prevenção do adoecimento físico e mental de trabalhadores. “Um dos programas oferecidos gratuitamente às indústrias é o Sesi Viva Bem – que conta com sete pilares, entre eles diagnóstico de saúde, rodas de conversa, aulas posturais, ginástica interativa e alimentação saudável”.
O empresário Rogério Mendonça, da indústria de alimentos Arroz Tio Miro, conta que, desde o início da pandemia, a empresa buscou iniciativas, principalmente no processo de proteção, precaução e estruturação do ambiente de trabalho. Uma vez estruturados, bem informados, a empresa precisou enfrentar alguns casos de Covid-19 entre os colaboradores e familiares – administrando, caso a caso. “Optamos também por receber o Sesi Viva Bem, que trouxe muitas dicas de saúde, postura, alimentação, que é tão importante no nosso dia a dia, e fazendo um diagnóstico de saúde – o que irá nos direcionar para agir da melhor forma”.
O coordenador de Gestão de Pessoas Refrigerantes Marajá, Tiago Bruehmueller Morinigo, relata que a pandemia tem cobrado muito de todos os gestores e empresários, o que, naturalmente, gera desgastes, estresse e exige mais do aparato psicológico. “Nossos líderes foram continuamente incentivados para que tivessem maior compreensão para o momento difícil que todos estamos passando. Acredito que o clima organizacional mais tolerante e familiar que temos tem nos ajudado muito nisso também”.
Morinigo aponta ainda que a empresa tem buscado acolher os profissionais e se sensibilizar para as situações que vivem os profissionais. “Não há como pensar em saúde, sem pensar ela na sua integralidade, e foi justamente o que mais gostamos no Sesi Viva Bem. Devido à metodologia utilizada, conseguimos atender a todos os setores, o que sempre é um desafio para nossa indústria. A roda de conversa com a psicóloga foi a que mais se destacou. Estamos pensando já em formas de manter este trabalho de forma contínua”.
A superintendente regional do Sesi MT, Lélia Brun, reforça que o programa Sesi Viva Bem foi pensado para todos os trabalhadores da indústria, de forma a encorajar hábitos saudáveis e prevenir doenças. “Apoiamos as empresas nas estratégias de saúde, levando aos empregados medidas educativas, preventivas e de conscientização, caminhando para a construção de uma estratégia de longo prazo. Um ambiente corporativo feliz e saudável se torna cada dia mais a chave para manter colaboradores engajados e a produtividade da equipe”, finaliza.
Viviane Saggin