Artigo | O fim da era do “sou formado em...” - Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso

Artigo | O fim da era do “sou formado em...”

21/01/2022 - 10h58
Mauro Santos
"O atual mundo dos negócios exige que os líderes empresariais
estejam em constante aprimoramento de competências"​​​​​​

O encontro explosivo entre a evolução do conhecimento, a inovação, a alta conectividade e o aumento exponencial da capacidade de processamento de dados alteraram o mundo corporativo, com o surgimento de novos produtos, modelos de negócio e profissões.

Por outro lado, esse mesmo movimento provocou o fim de muitos outros empreendimentos, acarretando bilhões de prejuízo a acionistas. Como exemplos de produtos ou negócios que deixaram de existir ou perderam espaço no mercado, temos as videolocadoras, os filmes fotográficos, as máquinas de escrever, a câmera fotográfica, as filmadoras de uso pessoal, o aparelho despertador, os armazenadores de arquivos digitais, a mobilidade via táxi, o GPS para motoristas e as enciclopédias físicas, sem contar as grandes corporações que se tornaram obsoletas como a Kodak e a Blockbuster.

Esse crescimento exponencial, conforme amplamente divulgado em canais de comunicação e investimentos, nos últimos 30 anos, propiciou a criação de empresas gigantes como Apple, Google, Amazon, Alphabet (nova dona do Google) etc., que possuem um valor de mercado acima de 1 trilhão de dólares, e possibilitou ainda o surgimento de diversas oportunidades de negócios, como as startups — empresas que possuem uma proposta de negócio inovadora e com um grande potencial de crescimento. Inclusive, algumas delas são consideradas unicórnios, ou seja, valem mais de 1 bilhão de dólares, tais como: Stone, iFood, Gympass e Nubank, que permaneceu por um período como a instituição financeira mais valiosa do Brasil, sem sequer ter uma única agência física.

Outro fator relevante está relacionado às diversas oportunidades voltadas aos pequenos e médios negócios, pois, devido ao avanço do conhecimento, da inovação e do acesso aos insumos, o custo para essas empresas acessarem à tecnologia contou com uma redução considerável, permitindo alcançar um poder maior de geração de valor e a possibilidade de melhor detectar e atender as necessidades das pessoas.

Diante desse cenário, na contemporaneidade, os desafios dos empreendedores e líderes empresariais se mostram gigantescos e, se esses profissionais não buscarem atualizações e estudos que os auxiliem a aprimorar os seus saberes, mais empresas e pessoas poderão ficar pelo caminho. Então, como se preparar para ser bem-sucedido diante de uma realidade tão veloz e dinâmica?

Para liderar as empresas neste novo mundo, o profissional de gestão empresarial deve possuir ou desenvolver competências de forma continuada, que visem sempre agregar àquelas que são esperadas de um líder. A revista Forbes, em sua publicação de julho de 2020, elencou as principais habilidades que um profissional deve possuir para atender ao mercado atual de trabalho (2020–2022), quais sejam: resolução de problemas complexos; pensamento crítico e analítico; criatividade, inovação, idealização, originalidade e iniciativa; gestão de pessoas; coordenação de equipe; inteligência emocional; julgamento, raciocínio, pensamento analítico e tomada de decisão; orientação de serviço; poder de negociação; flexibilidade cognitiva; aprendizagem ativa e estratégias de aprendizagem; projeto e programação de tecnologia; liderança e influência social; análise e avaliação de sistemas e, por fim, sensibilidade e consciência cultural.

Conforme mencionado no livro Gestão do Amanhã (2018), de Sandro Magaldi e José Salibi Neto, esses elementos são importantes e se apresentam como pressupostos básicos que todo líder deve possuir em seu perfil. Nesse sentido, os autores alertam que o mundo atual exige que o líder amplie constantemente as competências a serem inseridas em seu portfólio profissional e, por conseguinte, norteiem sua prática, especialmente aquelas que o levem não só a perceber as transformações no ambiente como também a orientar os esforços para a evolução da organização e a atuar na criação de um futuro o qual possibilite fugir de armadilhas que visam apenas gerar crescimento incremental, o que não é mais consistente nos dias atuais, uma vez que o foco precisa estar na geração de crescimento exponencial da empresa.

Outra característica que o líder atual deve ter é a inquietude, que se trata de um inconformismo constante em relação ao estado atual do negócio, pois, em um mundo em transformação, existem inúmeros problemas a serem resolvidos que devem ser vistos e trabalhados como oportunidades. Assim, faz-se igualmente relevante que o líder esteja preparado para aprender e desaprender, por meio de novos aprendizados, fórmulas e métodos que se mostrem mais promissores e o auxiliem a desenvolver uma mentalidade exponencial.

Para causar alto impacto na sociedade, a empresa precisa realizar a disrupçao dos modelos vigentes e a quebra de paradigmas, assim como o líder contemporâneo deve adotar uma postura ousada, arrojada e atrevida, que questiona o status quo, pavimentando, assim, o caminho para o crescimento.

Diante disso, o mundo dos negócios atual exige que seus líderes possuam um portfólio que ultrapasse as características básicas de formação. Desse modo, a expressão “eu sou formado em...” significa, na atualidade, tão somente um marco temporal de algum conhecimento adquirido e, dependendo do cenário, não mais serve para atender às necessidades atuais na cadeia de negócios. A contemporaneidade exige que os profissionais que lideram as empresas vivam em um constante processo de formação.

Em um mundo em contínua transformação, os conhecimentos também devem ser constantemente atualizados.

É possível contar com programas de estudos e capacitação, que envolvem leitura e cursos de curta, média e longa duração, voltados à manutenção profissional e ao preparo dos líderes para os desafios atuais do mercado.

Nesse sentido, destacam-se, por exemplo, os programas e eventos promovidos pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL), que disponibilizam, de forma contínua, cursos voltados à preparação e à formação de líderes empresariais.

Nunca foi tão importante para o líder empresarial cuidar de sua carreira. O mundo atual exige que o profissional domine hard skills, como: estratégia, finanças, inovação, marketing, vendas e inovação, e soft skills: comunicação, colaboração, empatia, resiliência, trabalho em equipe, negociação e criatividade, entre muitas outras.

Estar consciente de que o conhecimento adquirido até a data em que “se formou” não garante o sucesso no mundo atual é um passo importante para a evolução pessoal. Afinal, cada profissional é responsável por sua carreira e precisa investir nela, constantemente.

Mauro Santos é advogado e economista, tem mais de 25 anos de experiência em gestão de empresas e atualmente é superintendente da Fiemt e do IEL MT.

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