Presidente da Fiemt participa de programação que busca dinamizar parceria Brasil-Japão
Lideranças empresariais do Brasil e do Japão se reúnem nos dias 13 e 14 de setembro, em Tóquio, para discutir oportunidades de cooperação para dinamizar a parceria bilateral e reverter a retração do fluxo comercial entre os dois países. O presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Gustavo de Oliveira, faz parte da delegação a convite da Confederação Nacional das Indústrias (CNI).
Esta é 25ª Reunião Plenária do Conselho Empresarial Brasil-Japão, encontro realizado anualmente pela CNI e a Federação Empresarial do Japão (Keidanren). O presidente Gustavo de Oliveira fez a mediação do painel “Panorama econômicos e industriais” no primeiro dia de evento, com a presença do Diretor de Inteligência, Pesquisa e Planejamento do banco MUFG Ltda, quinto maior grupo financeiro do mundo, com sede Tóquio.
Gustavo de Oliveira relatou que, conforme as apresentações realizadas no evento, os japoneses têm uma expectativa de crescimento econômico baixo e que querem investir em outros mercados, sendo o Brasil uma das prioridades. “Nossa legislação tributária ainda é muito complexa, o que causa um cenário de insegurança jurídica. Mesmo assim, nosso país é um dos mercados preferencias do Japão para investimentos. Temos a maior colônia japonesa do mundo e centenas de empresas instaladas em nosso país. O que precisamos é fortalecer as relações bilaterais e reverter a retração do fluxo comercial entre os dois países registrada nos últimos anos”, afirmou.
O tema sustentabilidade foi um dos destaques, aquecido pela crise deflagrada pela pandemia de Covid-19, pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, pelo aumento dos preços das commodities e instabilidades no fornecimento de energia e alimentos. Foram debatidas oportunidades de comércio para o enfrentamento das mudanças climáticas e como garantir a segurança alimentar e energética. Neste cenário, o Brasil desponta como parte da solução dessas questões, visto que é o terceiro maior produtor de alimentos e sua matriz elétrica é composta majoritariamente por fontes renováveis (84,8%).
Presidente do Grupo de Notáveis para parcerias econômicas Brasil-Japão, Akio Minura, demonstrou o interesse do país nipônico em investir no desenvolvimento de novas tecnologias para o aumento de produção de energia limpa e descarbonização e também sobre a possibilidade de aumentar a produção de alimentos no Brasil com crédito japonês e investimentos em infraestrutura.
Também há expectativa de que os governos dos dois países avancem na conclusão do Acordo de Parceria Econômica Japão-Mercosul. A iniciativa é um importante instrumento para ampliar a diversificação das exportações brasileiras, equalizar condições de competição com países com os quais o Japão tem acordo e levantar barreiras comerciais. Levantamento feito pela CNI demonstrou o país asiático aplica uma tarifa média de 6% no geral aos produtos brasileiros, porém em produtos da agroindústria a média tarifária atinge 16%.
A comitiva brasileira é liderada pelo presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, e pelo presidente do Conselho Empresarial Brasil-Japão e CEO da Vale, Eduardo de Salles Bartolomeo.
Fluxo comercial e oportunidades futuras
Embora tenha apresentado resultados positivos em 2021, o comércio Brasil-Japão teve seu ápice em 2011 e, desde então, registrou reduções consecutivas ou oscilações nos anos seguintes. Entre 2019 e 2020, as exportações brasileiras para o Japão diminuíram 24%, acima do observado para o total das exportações brasileiras para o mundo, que é de -6%. Também se observa uma tendência de diminuição das importações de bens japoneses de 3% entre 2001 e 2021 (de 5,4% para 2,3% do total importado).
A similaridade da oferta e da demanda entre os dois países indica oportunidades de comércio permitindo economias de escala e de custo. Há 142 produtos que o Brasil pode exportar atendendo demanda do Japão, com destaque para os setores químico, de alimentos e metalurgia, e 491 produtos que o país asiático pode exportar para o Brasil, principalmente do setor químico e de máquinas e equipamentos.
O Japão é o 18º principal parceiro comercial brasileiro, com participação de 1,6% na corrente de comércio do Brasil em 2021. Foram US$ 5,5 bilhões de exportações e US$ 5,1 bilhões de importações em 2021. Com a efetivação do acordo, as trocas podem ser ainda maiores.
Texto: Ana Rosa Fagundes - Com informações da Agência de Notícias da Indústria