Fiemt apresenta números inéditos sobre força de trabalho em Mato Grosso
Cuidar dos afazeres domésticos, estudar, ter problemas de saúde e se sentir incapacitado para trabalhar por ser muito jovem ou velho demais estão entre as justificativas apresentadas pelas 937 mil pessoas que atualmente estão fora do mercado de trabalho. As informações foram copiladas pela Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), por meio do Observatório da Indústria, e apresentadas na segunda reunião do Comitê da Força de Trabalho, nesta quinta-feira (16.03).
O grupo, liderado pela Fiemt, reúne representantes de instituições do setor produtivo de Mato Grosso e setores públicos para debater e resolver o gargalo da falta de pessoas aptas ao trabalho no estado. Presidente da Fiemt, Silvio Rangel explica que o Comitê foi criado para encontrar soluções ao que se considera hoje como um dos principais entraves do desenvolvimento econômico mato-grossense, que é a escassez de pessoas qualificadas para trabalhar. “Estamos vivendo o que chamamos de pleno emprego, em que há mais vagas de trabalho do que pessoas para ocupar esses cargos. Já identificamos essa preocupação em todos os setores da economia e precisamos encontrar maneiras para atrair e reter profissionais”.
Os dados do Observatório mostram que Mato Grosso tem 2,7 milhões pessoas em idade de trabalhar e que 1,7 milhão estão ocupadas, sendo 1,1 milhão na formalidade e 618 mil na informalidade. Ainda há 64 mil pessoas desocupadas, ou seja, que estão procurando emprego, mas não conseguem encontrar uma oportunidade para trabalhar.
Com relação a pessoas que estão fora da força de trabalho, o número chega a 937 mil. Desse total, 268.497 pessoas responderam que não trabalham porque têm que cuidar de afazeres domésticos, dos filhos ou de outros parentes; 156.128 informaram que não trabalham porque estavam estudando; 142.358 por problemas de saúde ou gravidez; 195.169 por serem muito jovem ou muito idoso; 65.743 responderam que não querem trabalhar; e 108.792 afirmaram “outros motivos”.
Para o gerente de Observatório da Indústria, Pedro Máximo, esses dados mostram que é possível trabalhar políticas públicas para acessar e dar oportunidades para essas pessoas. "Quase 34% das pessoas aptas ao trabalho estão fora do mercado por alguma razão que pode ser solucionada, como a oferta de creches para que mães deixem seus filhos ou política que incentivem a contratação de pessoas mais velhas", disse.
Emprego de pessoas com restrição de liberdade: oportunidade econômica e social
A segunda reunião contou com a presença do desembargador Orlando Perri, coordenador do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do TJMT (GMF) e do juiz de Execução Penal, Geraldo Fidélis. Eles fizeram uma apresentação sobre as vantagens econômicas e sociais de as empresas empregarem pessoas privadas de liberdade.
Conforme o desembargador, quase todos os recuperandos que recebem oportunidades de trabalho não reincidem no crime, ajudando o Estado no combate à criminalidade. De uma população carceraria de aproximadamente 12 mil pessoas, 3.982 trabalharam no Estado em 2022. O regime de trabalho dessas pessoas não é regido pela CLT, o que gera economia para os empregadores e, acima de tudo, tem um impacto social de extrema importância para o estado, pois de fato tira a pessoa do mundo do crime.
“A contratação de mão de obra de pessoas privadas de liberdade além de ajudar na ressocialização, é mais econômico para o empregador, pois tem menos custo. A única maneira de ressocialização é por meio da educação, do trabalho e da qualificação”, afirmou desembargador.
Representantes do Comitê
Estiveram presentes representantes da Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Mato Grosso (Facmat), da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Mato Grosso (Abrasel-MT), da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de Mato Grosso (FCDL-MT), da Câmara de Dirigentes Lojistas de Cuiabá (CDL), da Associação dos Produtores de Algodão de Mato Grosso (Ampa-MT), do Fórum Agro, da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos do Estado de Mato Grosso (Sindifrigo), do Sindicato Estadual das Indústrias de Arroz no Estado de Mato Grosso (Sindarroz-MT), Sindicato das Indústrias de Vestuário, Têxteis, de Fiação e Tecelagem do Estado de Mato Grosso (Sinvest-MT), Sindicato das Indústrias da Construção do Estado de Mato Grosso (Sinduscon), Sindicato da Industria da Construção Pesada do Estado de Mato Grosso (Sincop MT), Sistema Nacional de Emprego em Mato Grosso (Sine-MT), Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania (Setasc MT) e da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Mato Grosso.
Texto: Vivian Lessa