Mato Grosso e Brasil ainda têm mercado potencial para carnes de exportação
Garantidas as condições sanitárias ideais, Mato Grosso e Brasil têm caminho favorável para o mercado mundial de carne. A análise é do presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Jorge Camardelli. Ele se apresentou durante oFórum das Cadeias Produtivasnesta terça (16), congresso técnico que ocorre na programação da Exposição Agropecuária, Industrial e Comercial de Mato Grosso (Expoagro).
“Com certeza estamos no caminho certo. O Brasil é o segundo maior produtor de carne do mundo e direciona somente 30% da sua produção à exportação. Ainda temos como crescer”, disse Camardelli. O presidente explica que além de existir potencial para ampliar a oferta, há mercados que não estão sendo atendidos pelos brasileiros.
É o caso de países asiáticos, como Coreia do Sul, Japão, Vietnã e Turquia – que não importam carne brasileira. Vinte por cento do mercado mundial consumidor não é acessado pelos brasileiros ainda.
O vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos do Estado de Mato Grosso (Sindifrigo), Luiz Freitas, parabenizou a iniciativa do Sindicato Rural de Cuiabá em proporcionar a integração produtiva da carne bovina, desde o produtor no campo até a associação nacional do setor.
“Essa ação de falarmos da cadeia produtiva da carne reunindo e integrando o campo e a indústria é excelente. O resultado da produção de proteína animal depende desse conjunto. O presidente da ABIEC trouxe números bastante aprofundados sobre a participação da produção brasileira de carne bovina para o mundo”, destacou.
Mato Grosso, principal estado produtor brasileiro, é detentor do maior rebanho bovino, com 34 milhões de cabeças. Além disso, responde por 27% das exportações nacionais e soma 29 frigoríficos com SIF (Serviço de Inspeção Federal) – ou seja, habilitados para exportar.
Conforme a Abiec, 50,6% da carne mato-grossense é consumida pelos chineses. O segundo maior mercado é o Egito com 6,6%, seguido pelos Emirados Árabes Unidos (4,9%), Chile (4,4%), União Europeia (4,2%), Hong Kong (3,9%), Estados Unidos (3,6%), Filipinas (3,6%), Rússia (3,3%) e Árabia Saudita (2,4%).
O Porto de Santos, em São Paulo, é o principal ponto de escoamento da carne de Mato Grosso para o resto do mundo. Cerca de 45% da produção é enviada pelos contêineres paulistas. Na sequência está Paranaguá (PR), com 35% de participação.
O vice-presidente do Sindifrigo concordou que o Brasil tem mais espaço para aumentar a participação no mercado mundial e deu um exemplo do peso do país no consumo mundial.
“Se você fala na exportação de 30% de um rebanho de quase 200 milhões de cabeças, estamos falando da produção da carne de um rebanho de 60 milhões de cabeças para exportação. Se você pega a produção de uma Argentina, uma Austrália, eles têm um rebanho muito inferior do que esses 60 milhões de excedente que o Brasil tem destinado para a exportação”, concluiu Luiz Freitas.
Ainda segundo Carmadelli, “o mundo vive uma mudança no comportamento de consumo mundial. O cenário agora inclui nações como Coreia do Sul e Japão e isso significa novos mercados para nós”, reiterou Camardelli. Isso porque países asiáticos, que costumam ser atendidos pelos Estados Unidos, têm demanda por tipos específicos de proteína animal. “A oportunidade para o Brasil é que produzimos esses tipos de cortes e podemos ofertá-los em valores mais atrativos que outros países – em alguns casos, por até mais que a metade do preço”, finalizou o presidente da Abiec.
Expoagro
A Expoagro é a maior feira agropecuária de Mato Grosso, realizada pelo Sindicato Rural de Cuiabá, com co-realização do Governo do Estado de Mato Grosso e Cordemato. Em sua 56ª edição neste ano, o evento tem previsão de reunir aproximadamente 300 mil pessoas nos 11 dias de duração.
Além de rodeio e shows musicais, a Expoagro inclui feira comercial, parque de diversões, praça de alimentação e oficinas técnicas — entre outros atrativos.
Texto: Eduardo Cardoso