Agricultura regenerativa, bioinsumos e nanotecnologia impulsionam a sustentabilidade na agroindústria
A adoção de Agricultura regenerativa (AR), o uso de bioinsumos e a introdução de nanotecnologia, aliados às ações governamentais focadas na bioeconomia, são estratégias fundamentais para tornar a agroindústria mais sustentável e eficiente. Os conceitos e exemplos práticos de adoção desses modelos foram debatidos durante a programação da Conferência Internacional da Agroindústria Sustentável, na sexta-feira (16.08).
O painel moderado pelo superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea MT), Cleiton Gauer, reuniu diversos especialistas que atuam em segmentos distintos para debater o assunto.
A agricultura regenerativa é uma abordagem que vai além da sustentabilidade tradicional, focando na regeneração dos recursos naturais. Diferente do modelo convencional, que muitas vezes degrada o solo e os recursos hídricos, essa prática busca restaurar e revitalizar o ecossistema agrícola.
Representando a Scheffer, Arthur Almeida, head de parcerias e marketing do grupo, destacou que a adoção de práticas da agricultura regenerativa rendeu à empresa a certificação no programa internacional Regenagri.
“Fomos a primeira empresa brasileira do agronegócio a obter o este selo de Agricultura Regenerativa. Temos fábrica própria para produção de defensivos biológicos e ao longo dos anos reduzimos nossa aplicação de produtos químicos em cerca de 40% e sempre alcançado excelentes resultados.”
Thomas Altman, líder de Desenvolvimento, Marketing e Negócios de Bioinsumos Latam da Syngenta, destacou que a empresa tem investido fortemente em pesquisa e desenvolvimento de bioinsumos para controle de pragas e doenças, além do crescimento das plantas.
“Temos trabalhado no desenvolvimento de novas tecnologias baseadas em microrganismos, extratos vegetais e outras fontes naturais para substituir ou complementar o uso de insumos químicos na agricultura. Nosso foco está na sustentabilidade e na saúde do solo, oferecendo soluções que auxiliem os agricultores a melhorarem a produtividade de maneira sustentável”, afirmou.
Essa crescente atenção destinada à agricultura regenerativa pode ser atribuída aos resultados das suas práticas que aumentam a biodiversidade, criam ecossistemas mais equilibrados e contribuem para a maior fixação de carbono do solo, inclusive fazendo parte de estratégias para mitigar as mudanças climáticas.
Adicionalmente, a nanotecnologia surge como uma inovação promissora no campo da agricultura. Ao manipular material em escala nanométrica, é possível criar fertilizantes mais eficientes, que liberam nutrientes de forma controlada e direcionada, reduzindo o desperdício e o impacto ambiental.
Para a gerente de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Agrivale Brasil, a PhD em Biologia, Poliana Cardoso-Gustavson, o Brasil é referência na concepção e desenvolvimento de produtos biológicos, adjuvantes, fertilizantes e produtos nutricionais e fisiológicos. Entretanto, é preciso que as empresas ampliem o desenvolvimento de portifólios para os produtos biológicos.
"As empresas precisam investir mais em pesquisa e inovação de produtos. O produtor está disposto a usar biológicos desde que eles apresentem desempenho e resultados com excelência: é isso é possível! A nanotecnologia permite que a agricultura atinja novos patamares de eficiência e sustentabilidade, com menor uso de recursos e maior produtividade," explicou.
Para tratar sobre as particularidades de regulamentação desses produtos, o painel contou com a presença da coordenadora-geral de Bioeconomia e Recursos Genéticos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) do Governo Federal, Valéria Burmeister Martins.
Segundo ela, o governo brasileiro reconhece o potencial da bioeconomia como uma ferramenta para promover o desenvolvimento sustentável. Iniciativas como o Plano Nacional de Bioinsumos, lançado recentemente pela pasta, incentivam a adoção de práticas sustentáveis na agroindústria.
“Essas ações governamentais visam criar um ambiente favorável para a inovação e o desenvolvimento de novos produtos biológicos, além de fomentar a integração de cadeias produtivas que valorizem a biodiversidade e os recursos naturais do país. O Brasil tem uma oportunidade única de liderar a bioeconomia global, aproveitando sua vasta biodiversidade e capacidade de inovação”, finaliza.
Agroindústria sustentável
A combinação de práticas regenerativas, o uso de bioinsumos e a aplicação de nanotecnologia, somada às ações governamentais focadas na bioeconomia, coloca o Brasil, sobretudo Mato Grosso, líder na produção agrícola, na vanguarda da sustentabilidade nacional. Essas estratégias não apenas protegem o meio ambiente, mas também garantem a viabilidade econômica a longo prazo, posicionando o país como um líder global em agroindústria sustentável.
A 1ª Conferência Internacional da Agroindústria Sustentável, realizada entre 15 e 16 de agosto de 2024, foi uma realização fruto da atuação em parceria do Sistema Federação das Indústrias de Mato Grosso (Sistema Fiemt) e Sistema Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Sistema Famato).
Texto: Eduardo Cardoso