Empresas apostam em economia circular para reduzir impactos ambientais
Com foco em minimizar o desperdício, maximizar a utilização de recursos e reduzir impactos ambientais na produção agroindustrial, empresas mato-grossenses desenvolvem soluções tecnológicas em torno da chamada economia circular para melhorar a gestão de resíduos na suinicultura, pecuária de corte e psicultura.
Líderes em seus segmentos, três casos de sucesso foram apresentados durante o 1ª Conferência Internacional da Agroindústria Sustentável. Os representantes das empresas Nutribras, Fermap e Natter participaram do painel sobre economia circular, mediado por Paulo Ozaki, superintendente do Instituto AgriHub, e mostraram com utilizam soluções inovadoras e sustentáveis.
O diretor-presidente da Nutribras, Paulo Lucion, destacou como a empresa implementou a produção eficaz de suínos em suas plantas nos municípios de Sorriso e Vera. "Os dejetos de suíno são todos tratados pelos biodigestores, de onde saem dois produtos principais: biogás, que gera energia, e o biofertilizante, utilizado nas lavouras, potencializando a produção de grãos", explicou.
Além disso, as granjas da Nutribras estão localizadas próximas aos pivôs de irrigação, que facilitam a distribuição do biofertilizante nas lavouras e contribuindo para a sanidade das granjas. Desta forma, a empresa fecha o ciclo produtivo, retornando com a ração para a suinocultura.
Com relevância no cenário nacional de produção de grãos e de proteínas de origem animal, a Saciatta, empresa que atua na produção e industrialização de peixes, e a Ambios, indústria de fertilizantes orgânicos - ambas empresas ligadas à Natter – apresentaram soluções inovadoras que movimentam a economia circular e demonstram compromisso com a sustentabilidade e eficiência produtiva.
Durante o painel, Rafael Bortoli, CEO da Natter, apresentou como a empresa aproveita o coproduto de tilápia para a produção de fertilizantes orgânicos de alta qualidade, utilizados na agricultura, sobretudo na produção grãos utilizados na produção da ração para alimentar os peixes. Atividades que, somadas, complementam o ciclo de produção e demonstram a eficiência da economia circular na prática.
“Estamos fazendo uma parceria há um bom tempo com projetos de inovação para melhoria da produtividade e trazendo resultado econômico. Nosso peixe 100% mato-grossense e o fertilizante, rico em aminoácidos e carbono orgânico, que volta para a produção de grãos, é construído com a economia circular”, enfatiza.
O Grupo Fermap, instalado no Norte do estado, também é referência ao maximizar o aproveitamento de todos os recursos e minimizar o desperdício em cada etapa da produção. O grupo produz milho e algodão em suas propriedades rurais: o milho é transformado em etanol e utilizado como ração na produção de pecuária de corte. Além disso, a fermentação do grão gera biogás, utilizado para produzir energia e vapor, necessários para operar a usina e outras instalações.
O algodão é processado na própria indústria da propriedade. A pluma é vendida ou utilizada, enquanto o caroço segue para a produção de óleo e torta de algodão. Resíduos da produção agrícola, como cascas e bagaço, são usados como biomassa nas caldeiras para gerar vapor e energia, reduzindo a necessidade de combustíveis fósseis e diminuindo a pegada de carbono da operação.
“A pecuária é uma indústria: transformamos proteína vegetal em animal. Ao longo do processo, os dejetos viram energia. Os resíduos dos biodigestores e do confinamento são compostados e utilizados para fertirrigação das plantações, devolvendo nutrientes ao solo e fechando o ciclo produtivo de forma sustentável”, finalizou Fernando Pozzobon, diretor da Fermap.
Agroindústria sustentável
A 1ª Conferência Internacional da Agroindústria Sustentável, realizada entre 15 e 16 de agosto de 2024, foi uma realização fruto da atuação em parceria do Sistema Federação das Indústrias de Mato Grosso (Sistema Fiemt) e Sistema Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Sistema Famato).
Texto: Eduardo Cardoso