Artigo | A contradição dos senhores da razão
Que empresa é essa? Aquela que prega transparência de seus fornecedores?
Aquela que prega pureza de princípios?
Aquela que exige clareza e compromisso de ideais?
Aquela que mantém compliance politicamente correto?
Aquela que patrocina eventos que pregam sustentabilidade?
Que empresa é essa?
Que desconhece a realidade de um mundo real.
Que vive de um mundo produtivo sem conhecê-lo.
Que quer impor posições em vez de discuti-las.
Ficamos buscando entender a declaração do presidente global de uma empresa, que por suas ações, nega tudo o que prega.
Sim, se esta empresa está instalada e fatura alto em um país que não é honesto, que não pratica os princípios que ela prega que não serve para lhe abastecer em seu país sede, então como explicar esta contradição ou deveríamos duvidar dos princípios pregados?
A Europa, que traz em sua história ações não tão recomendáveis aos nossos olhos, agora quer penalizar sem razão ou razoabilidade os países que exploraram?
Empresas deste continente se julgam no direito para explorar países “do mal” desde que lhe proporcione lucros? E a partir desta constatação uma pergunta.
O que o Carrefour está fazendo aqui na América?
Não conheço os balanços desta empresa, mas não acredito que conste por lá uma ação de filantropia ligada aos resultados das plantas da América do Sul.
Ao ouvir o Sr. Alexandre Bompard insinuar que somos criminosos, nos perguntamos o porquê deste desejo de estar entre nós.
Pobres velhas memórias que pagando pelos próprios “pecados” buscam sua sobrevivência fazendo acusações.
O mundo precisa, sim, ser reescrito, mas por mãos limpas, livres de ideologias e de interesses que manipulam.
Sr. Bompard, afaste-se um pouco desta narrativa, depois leia o contraditório e conheça a América do Sul, aí entenderá possivelmente a diferença entre preservação real e concreta, que permite a vida e a produção e a preservação poética que esconde outros interesses.
Talvez também entenda que a atitude daqueles que querem um mundo melhor deva ser de entendimento e colaboração, e não a de pressão e ameaças.
Jovenino Borges — superintendente do Sindifrigo em Mato Grosso