II Encontro de Responsabilidade Social Empresarial destaca protagonismo feminino na inovação e nos negócios globais
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nacionais e internacionais
A Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), por meio do Conselho de Responsabilidade Social Empresarial (Cores) e da Câmara Fiemt Mulher, realizou nesta quinta-feira (25/9) o II Encontro de Responsabilidade Social Empresarial, em alusão ao Dia da Responsabilidade Social. O evento reuniu representantes do setor empresarial, acadêmico, judiciário e governamental, além de investidores e empreendedores, para debater os desafios e benefícios da responsabilidade social sob a perspectiva dos negócios.
Nesta edição, a iniciativa ganhou um olhar ampliado, com destaque para a contribuição e o protagonismo feminino no cenário dos negócios globais, trazendo como tema central “Protagonismo Feminino no Mundo do Trabalho, na Economia e na Indústria do Futuro – Mulheres na Indústria e na Tecnologia: Catalisadoras da Inovação no Brasil”.
O debate contou com a participação de lideranças femininas nacionais e internacionais, como Monica Monteiro, presidente do Fórum Nacional da Mulher Empresária da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e vice-presidente comercial e de novos negócios no Times Brasil CNBC; Marta Lívia Suplicy, presidente do Conselho Superior Feminino da Fiesp e do programa Elas na Indústria; e Danusa Costa Lima, coordenadora do Fórum Nacional da Mulher Empresária e chefe de gabinete da CNI.
O presidente do Sistema Fiemt, Silvio Rangel, reforçou a urgência e a relevância do tema debatido no encontro: o protagonismo feminino no mundo do trabalho, na economia e na sociedade. “Vivemos um tempo de mudanças aceleradas. Inovação, tecnologia e diversidade já não são apenas conceitos; são realidades que permeiam nossa vida. E é nesse cenário que a presença ativa e a liderança das mulheres se tornam fundamentais”, afirmou.
Para o presidente do Cores, Marinaldo Santos, a responsabilidade social precisa ser entendida como parte da estratégia das empresas e não apenas como ações pontuais. “Quando o setor produtivo assume seu papel social, ele contribui não só para a competitividade dos negócios, mas também para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e sustentável”, afirmou.
A presidente da Câmara da Mulher, Ana Cássia Rangel, destacou a necessidade de fomentar a participação feminina na indústria e na economia, ampliando o debate, criando oportunidades de desenvolvimento e apoiando ações que fortaleçam a presença das mulheres em cargos de liderança. “Agradeço a todos pelo engajamento e pelo envolvimento nas discussões. Nossa função é fortalecer a voz das mulheres, promover a capacitação, incentivar o empreendedorismo e garantir que as iniciativas de responsabilidade social tenham impacto real”, disse. Também esteve presente no evento a diretora da Fiemt, Ulana Bruehmueller.
Presença feminina na indústria: avanços e desafios
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A empresária Danusa Costa Lima, coordenadora do Fórum Nacional da Mulher Empresária e chefe de gabinete da CNI, trouxe um panorama atual da presença das mulheres no setor industrial, destacando ações para ampliar a participação feminina.
Segundo dados do Observatório Nacional da Indústria, 25% das pessoas ocupadas no setor são mulheres, mas apenas 29% delas chegam a cargos de liderança. Ainda que modestos, os números indicam avanço: nos últimos dez anos, a presença feminina na indústria cresceu 1,5%.
“Esse é um crescimento exponencial e muito positivo. As mulheres estão cada vez mais inseridas e qualificadas, o que abre caminhos para maior representatividade em diferentes áreas”, afirmou Danusa.
Destaque para a maior escolaridade das mulheres em relação aos homens, fator determinante para o crescimento profissional. “Conhecimento nunca é demais. Ele gera competência, e a competência impulsiona o crescimento”, disse.
Apesar disso, lembrou que elas ainda são minoria em áreas estratégicas como ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM), que oferecem melhores salários e oportunidades. “O cenário é promissor e a tendência é de aumento da presença feminina na indústria, especialmente com o apoio de instituições como Sesi e Senai, que promovem qualificação, inovação e inserção no mercado de trabalho. As mulheres estão cada vez mais preparadas. A diversidade chegou para ficar e vai fortalecer ainda mais o setor industrial.”
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Inovação como rede de colaboração
“Inovação não é apenas inteligência artificial ou tecnologia, isso já existe. Inovação é compartilhar, é rede. Isso é o que estamos vivendo aqui hoje”, reforçou a presidente do Fórum Nacional das Mulheres na Indústria da CNI, Mônica Monteiro.
Mônica, que também é vice-presidente do canal internacional de jornalismo econômico CNBC, destacou o potencial de Mato Grosso, especialmente pela força da agroindústria e sua integração com a indústria. “O que vocês construíram aqui é uma revolução. Hoje não existe agroindústria sem indústria. Tudo está conectado, da soja ao produto final”, afirmou.
Com trajetória internacional, a executiva compartilhou ainda sua experiência no Women Presidents Organization (WPO), entidade global presente nos países do BRICS, onde representou o Brasil em reuniões com lideranças de diferentes continentes.
“Estar aqui é uma honra. O que me move é poder compartilhar e somar para que mais mulheres estejam em posições de liderança e influência”, completou.
“A virada começou aqui”
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mulheres em espaços de decisão
Durante o Encontro, a presidente do Conselho Superior Feminino da Fiesp, Marta Lívia Suplicy, destacou o protagonismo das mulheres mato-grossenses e relembrou que o estado foi o primeiro a instalar uma distrital da Virada Feminina. “Sabemos da competência, bravura e vontade das mulheres desse Estado. A virada começou aqui”, afirmou.
Marta também compartilhou sua experiência como empreendedora à frente da indústria Amaná, Pela Amazônia, que atua com amenities produzidos em parceria com comunidades amazônicas. O negócio, segundo ela, é um exemplo de empreendedorismo social, em que o sucesso financeiro caminha junto com a valorização de outras mulheres. “A gente ganha, mas outras mulheres ganham junto com a gente”, ressaltou.
À frente do Conselho Superior Feminino da Fiesp nos últimos quatro anos, Marta destacou o impacto direto do trabalho realizado, como o programa de mentoria, criado em 2021, que já ajudou empreendedoras ameaçadas de fechar negócios e apoiou profissionais em ascensão rumo a cargos de liderança.
Para ela, é essencial a responsabilidade coletiva das próprias mulheres em espaços de decisão, lembrando que, embora representem 54% do eleitorado, sua presença nos cargos eletivos não passa de 12% a 14%.
“Se nós não votamos em nós mesmas, como podemos esperar mudanças? É uma fala de mea-culpa para todas nós”, concluiu.
Projeto Florir: oportunidade para mulheres em situação de violência
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O encontro também foi palco da apresentação do Projeto Florir, feita pelo procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT), Danilo Vasconcelos. A iniciativa, desenvolvida em parceria com o Ministério Público do Estado (MPE), busca inserir mulheres vítimas de violência doméstica e familiar no mercado de trabalho.
Inspirado em um programa semelhante em São Paulo, o projeto aposta na adesão voluntária de empresas, que podem disponibilizar vagas específicas para mulheres em situação de vulnerabilidade. A proposta é criar oportunidades reais de geração de renda e independência financeira.
“A dependência econômica é um dos principais entraves para que a mulher consiga romper o ciclo da violência. Ao abrir espaço no mercado de trabalho, damos a elas condições reais de transformar suas vidas”, destacou Vasconcelos.
O projeto prevê até 24 meses de duração, com apoio de entidades de capacitação profissional e acompanhamento direto do MPT e do MPE para garantir suporte às trabalhadoras e às empresas. Experiências já realizadas em São Paulo mostraram resultados positivos, com adesão de grandes redes de farmácias e supermercados.
“O Projeto Florir transforma vidas. É um gesto simples de solidariedade que gera impacto social duradouro”, reforçou. O procurador-chefe foi homenageado durante o evento, com o Prêmio Destaque Empresarial, entregue pelo presidente do Sistema Fiemt, Silvio Rangel.
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Desigualdade ainda evidente
Dados levantados pelo Observatório de Mato Grosso que evidenciam os desafios:
- A taxa de participação feminina no mercado de trabalho é cerca de 20 pontos percentuais menor que a dos homens.
- Mulheres recebem, em média, 22% a menos que os homens, mesmo em funções semelhantes.
- Em Mato Grosso, das 904 mil pessoas fora da força de trabalho, 69% são mulheres.
- A taxa de inatividade entre elas chega a 41%, contra 19,2% entre os homens.
- Nos cargos de liderança, apenas 39% são ocupados por mulheres, enquanto no trabalho doméstico elas representam 92%.
Texto: Vívian Lessa
Fotos: Davi Tavares