O presidente do Sindicado Estadual das Indústrias de Arroz de Mato Grosso (Sindarroz MT), Lázaro Modesto, participou do 1º Fórum Nacional de Arroz de Terras Altas (InovArroz) realizado nos dias 23 e 24 de setembro, em Goiás. O encontro reuniu representantes da pesquisa, consultoria técnica, indústria e consumidores e discutiu o futuro do setor com foco em inovação, produtividade e mercado.

Modesto ressaltou o papel do Sindarroz MT na disseminação de inovações e de informações de qualidade, essenciais para acelerar o desenvolvimento tecnológico e firmar parcerias estratégicas. Segundo ele, “o fórum aproximou ainda mais indústria e produção agrícola, criando um ambiente favorável para novos negócios e para a transferência de tecnologias”.

O evento debateu o sistema de arroz de terras altas, um dos modelos de produção do grão no país. Houve painéis sobre pesquisa e inovação, automação de processos agrícolas, manejo e sustentabilidade, fitossanidade e nutrição, microrganismos benéficos e biotecnologia, melhoramento genético, mudanças climáticas, além de consumo e tendências de mercado. O objetivo central foi compartilhar resultados, promover intercâmbio técnico-científico e cultural e subsidiar o planejamento de pesquisa e inovação em toda a cadeia.

O pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Adriano Castro, lembrou a trajetória do melhoramento do arroz no Cerrado, especialmente a partir dos anos 1990, quando a cultura passou a ser pensada em sistemas de produção, após soja e milho. Nesse arranjo, o arroz ajuda a quebrar ciclos de pragas e doenças e gera palhada de boa qualidade para o plantio direto, com ganhos de fertilidade para as culturas seguintes.

Nova cultivar

Em Mato Grosso, a cadeia do arroz deve ganhar novo impulso com a cultivar BRS A503, desenvolvida pela Embrapa para terras altas com irrigação por pivô central. A variedade tem alto potencial para áreas como Primavera do Leste, Sorriso, Nova Mutum e Sinop, sendo celebrada por indústria, produtores e pesquisadores.

Para Modesto, a BRS A503 alia qualidade industrial e atendimento ao consumidor, com características de produto premium. “O arroz combate nematoides e fixa nitrogênio, o que o torna excelente para rotação com soja e milho”, disse.

A Conab projeta que Mato Grosso produzirá 474 mil toneladas de arroz na safra 2024/2025, ante 337,6 mil toneladas no ciclo anterior, alta de 40,4%. O avanço reflete o interesse crescente pela cultura como alternativa viável e lucrativa para áreas irrigadas do Cerrado, com impacto positivo para a indústria.

Rotação de cultura com arroz

O Sindarroz MT defende a introdução do arroz no sistema produtivo de Mato Grosso, com ênfase na rotação de culturas. O arroz contribui com alta produção de palhada, elevando a matéria orgânica do solo, base para melhor estrutura, retenção de água e capacidade de armazenamento de nutrientes.

Em rotação, o grão reduz a pressão de pragas e patógenos específicos de soja e milho, diversifica raízes e melhora a ciclagem de nutrientes. O resultado é sistema mais resiliente, com menor custo fitossanitário e maior estabilidade de produtividade.

Texto: Eduardo Cardoso