A Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt) oficializou nesta quarta-feira (26), durante a programação da Expominério, a criação da Câmara Temática da Mineração. A iniciativa marca um movimento inédito no estado ao reunir empresas, entidades, especialistas e representantes do setor produtivo para estruturar agendas estratégicas, promover diálogo técnico e fomentar o desenvolvimento sustentável da mineração em Mato Grosso.

Vinculada ao Conselho Temático de Meio Ambiente (Contema) da Fiemt, a Câmara terá como missão construir propostas institucionais, apoiar o relacionamento com órgãos reguladores e desenvolver soluções voltadas à competitividade, sustentabilidade e inovação do segmento mineral.

Durante o anúncio, o presidente do Sistema Fiemt, Silvio Rangel, destacou que a criação da Câmara representa um avanço esperado e necessário para o estado. Segundo ele, a mineração precisa ser planejada com visão estratégica e de longo prazo. “A Câmara Técnica é essencial porque o setor precisa ser pensado com estratégia. Temos um enorme potencial mineral, mas é fundamental organizar prioridades, desenvolver projetos estruturantes e avançar em temas como inovação, verticalização e agregação de valor. Essa é uma agenda que deve ultrapassar governos: é uma agenda de Estado”, afirmou.

A superintendente da Fiemt e do IEL Mato Grosso, Fernanda Campos, lembrou que a Federação representa mais de 16 mil indústrias no estado e que a Câmara será um espaço qualificado para organizar demandas e promover avanços estruturais do setor. “A Câmara permitirá que empresas discutam temas prioritários de forma técnica e alinhada às demandas reais do setor. A Fiemt estará ao lado dessa agenda para fortalecer o ambiente de negócios, a inovação e a competitividade industrial da mineração”, disse.

A diretora da Expominério, Pamela Alegria, que participou ativamente do processo de

articulação para criação do grupo, classificou o momento como histórico e simbólico. Para ela, a Câmara representa reconhecimento institucional. “Este é um momento de grande significado. Criar espaço institucional para o setor dentro da Fiemt representa reconhecimento e maturidade. A mineração agora tem voz organizada, um canal formal de articulação e uma estrutura que fortalece boas práticas, governança e posicionamento estratégico”, afirmou.

Durante o evento também foi anunciado o nome do presidente da Câmara: Carlos Mamede, diretor de operações da Aura Poena. Ele destacou que o setor mineral precisa ser compreendido e valorizado não apenas pela sua atuação econômica, mas pela transformação social, tecnológica e ambiental que carrega. “A mineração foi historicamente marginalizada. Quando mostramos o que fazemos, tecnologia, ciência, emprego, inovação, a percepção muda. A Câmara será o espaço para dialogar, compartilhar conhecimento e mostrar o valor econômico, ambiental e social que o setor entrega. Mato Grosso já não é apenas um estado com potencial. Somos um estado com vocação mineradora”, declarou. Mamede lembrou ainda que Mato Grosso é detentor de minerais estratégicos para a nova economia global, como ouro, nióbio, minério de ferro, elementos de transição energética e terras raras.

Carlos Mamede é diretor da Aura Minerals, atuando como Gerente Geral e Head de Operações. Executivo com sólida trajetória no setor de mineração e metais, possui ampla experiência em processos minerais, gestão de produção, inovação tecnológica e engenharia aplicada à operação industrial.

O vice-presidente da Câmara é Antônio Silva Toledo Pizza, é presidente do Sindicato das Indústrias Extrativas de Minério de Mato Grosso (Sindiminério), possui ampla experiência na gestão do setor mineral, com forte atuação em articulação institucional, representatividade empresarial e desenvolvimento de políticas para o fortalecimento da mineração em Mato Grosso. Esta é sua 4ª gestão à frente do sindicato, entidade vinculada à Fiemt.

Números

Dados do Observatório de Mato Grosso mostram que o estado ocupa a 12ª colocação no ranking nacional com valor bruto de produção das

indústrias extrativas, somada em R$3,49 bilhões. É a 10ª unidade federativa em números de estabelecimentos do setor mineral, com 4,33% (349) no ranking nacional e 9º na quantidade de funcionários, 2,99% de participação sendo 8 mil pessoas no setor.

No cenário estadual, Nossa Senhora do Livramento, Aripuanã, Poconé, Cuiabá e Nova Xavantina são os primeiros cinco municípios, respectivamente, que mais geram empregos, representando 51,6% do total no setor da mineração mato-grossense. Conforme o Observatório, ao longo dos últimos 10 anos, o número de empregos no setor em Mato Grosso teve aumento de 108%, evidenciando a expansão da atividade no estado.

Texto e fotos: Vívian Lessa